Aconselhar-me a mim mesma

Suponho que no fim de uma relação ninguém fica bem na figura. Ou porque uma pessoa se cansa e desiste, ou porque ficou magoada e disse coisas que na verdade não sentia, ou porque simplesmente alguém não agiu da maneira mais correcta.

Mas é o que se faz a partir desse momento que conta. A maneira como se lida com quem nos partiu ou coração ou a quem demos um desgosto. Agarrar-mo-nos a ninharias que só causam mais sofrimento não vai melhorar nada. Obrigar a outra pessoa a falar quando não está preparada também não.

É sofrer sozinho, se for preciso fingir que a outra pessoa não existe, mas nunca reflectir nela todo o sofrimento por que estamos a passar. Porque isso leva a pessoas que não se falam durante uma vida inteira, apesar de já se terem amado um dia.

13 Maio

Fui criada na fé cristã. Fui baptizada duas vezes (matéria para outro post), tive catequese, fiz a primeira comunhão e a profissão de fé. Mas nunca pensei muito sobre o assunto, e acho que foi por isso que desde que entrei na adolescência nunca mais fui a missa e a minha vida espiritual consiste basicamente em acreditar que existe alguma entidade maior que nós, mas que não sei se é Deus e tenho quase a certeza que não é um homem de barbas grandes sentado no reino dos Céus.

Hoje, a minha mãe chegou a Fátima depois de uma caminhada de 4 dias. Eu e o meu pai fomos buscá-la e assistimos à procissão das velas. Aquele mar de gente ali por uma causa, comoveu-me. Como me comove praticamente tudo o que envolva uma grande quantidade de pessoas juntas por uma alguma coisa: concertos, estádios de futebol, peregrinações, etc. Porque acho genuinamente bonito o ser humano juntar-se  em torno de uma causa, com toda a entre ajuda e o sentido de pertença que advém disso mesmo. Não fiquei comovida por ser Fátima, nem por haver uma missa e pessoas a rezar o terço. O que me tocou verdadeiramente foi ver aquelas pessoas todas juntas pela sua fé, e para além disso a quantidade de sacrifício que estava concentrado naquele sitio. Pessoas com cancro em estado terminal, alguém cujo filho se suicidou, promessas antigas, promessas novas, pessoas que quase não se conseguiam mexer mas que mesmo assim andaram mais de 100 km ou simplesmente quem foi pela experiência: estavam todos ali  com uma vela na mão, quase que a guardarem-se uns aos outros, e com uma fé que pelo menos naquela hora e naquele local foi inabalável. 

Para o ano estou lá. Não tenho promessas, mas pode ser que fique com crédito na Santinha.

Coisas que não percebo #3

Senhoras que frequentam o meu ginásio: Sim senhora, somos todas mulheres e sabemos o que é ter um pipi e isso tudo. Mas ninguém precisa de ver o vosso a ser pavoneado com tanto orgulho.
Porque é que não se limitam a vir do duche e pôr umas cuecas? Ou a toalha? Ou o que quer que seja que não me faça ter uma visão tão crua do que é a vossa nudez?
Gosto de nudez mas é da minha e a de um homem de quem eu goste no meu quarto. Qualquer coisa que não seja isso, dispenso.

Agradecida.

É que eu nem gosto de me armar em esperta

Mas uma pessoa sabe que não se integra na sua própria turma de mestrado quando usa a palavra esotérico numa frase e os colegas se põem aos risinhos e vão ver nos seus Samsungs o que a palavra significa.

Suponho que da mesma maneira que o destino de um médico é ouvir as maleitas de toda e qualquer pessoa que encontre ao longo da sua vida, o meu é ouvir um curioso, e por vezes desafiante: "Então a que é que este vinho te cheira?"

Ai, o Sócrates...

Uma vez que toda a gente tem uma opinião formada sobre o que é que o Sócrates vai fazer para os estúdios da RTP1 todos as noites de Domingo, eu decidi dar também a minha.
E o que é que eu acho? Para já, acho que a senhora da maquilhagem não se devia entusiasmar tanto com o gloss nos lábios do senhor.
E depois, acho inacreditável que um canal de televisão que é público e que, por isso mesmo, devia fazer serviço público, esteja a pagar (e não deve ser pouco) para que o homem que é em parte responsável pelo estado em que está este país vá dizer umas patacoadas para limpar a sua imagem, mascaradas de opinião.

Para além disso, aquele tom monocórdico e a maneira passivo-agressiva de falar dele tiram-me do sério. Mas não queria parecer facciosa.

Pensou esta semana o Universo:

"Ah, o teu namorado acabou contigo sem razão aparente? Hum, então toma lá um carro rebocado pela EMEL (que custa €120 para levantar) para alegrar o teu dia."

Stage 1

Quando alguém nos parte o coração há sempre uma data de etapas que têm que ser ultrapassadas. É inevitável: o "eu nem acredito que isto me aconteceu", os dias passados a chorar, os dias em que se pensa que já está tudo bem e que já nem queremos saber, os dias de recaída quando percebemos que ainda não passou, o arranjar o que fazer só para não ter tempo de pensar nisso, o conhecer pessoas novas, começar a sair, até que se chega aquele dia em que estamos em paz e afinal já nem nos lembramos assim tanto do que nos aconteceu.
E para passar por isto tudo é preciso tempo. É o mais importante de tudo. Custa, mas tem que se aceitar que se tem que passar por isso para ficar bem. Quase como uma maratona: existe uma meta mas para lá chegar temos que percorrer necessariamente o caminho. E não vale a pena tentar apressar. Como dizia o MEC num artigo algures, se tentamos esquecer alguém depressa de mais corremos o risco de essa pessoa ficar connosco para sempre.
É aceitar a dor, digerir, ter paciência e acreditar que melhores dias virão.

E pelo caminho ir comendo sushi, sair muito de casa e beber vinho.
Vamos lá, então.

Batom Vermelho?

Oh, it's on.

Desconfiar sempre #1

De um filme cujo trailer se divide em duas e somente duas coisas: frases da critica e pessoas a falar no escuro.

"Então e vens mais quê?" Mais tolerante.
Pois. Pudera.

É oficial: Estou a ficar velha. Agora penso muito e a sério antes de me enervar com alguma coisa, ou pelo menos exteriorizar esses nervos, onde é que já se viu!?

Está na altura de deixar de ver filmes românticos todas as noites antes de ir dormir. Ando a ficar deprimida e as minhas olheiras não aguentam.