segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Do medo

À parte todas as coisas que na vida nos podem meter medo, como doenças, um dos nossos morrer ou ter o coração despedaçado, entre muitas outras coisas, eu normalmente tenho medo de andar na rua. Acho me mariquinhas, e tenho vergonha de dizer mas a verdade é esta. Tenho medo que alguém me assalte, tenho medo de ser assediada, e outras coisas que tal. Nunca entro em casa sem estar ao telefone com alguém, só para não me sentir tão sozinha porque a verdade é que a pessoa que vai comigo ao telefone não poderia fazer nada se alguém decidisse fazer me mal. Sempre que posso peço a alguém para me vir por a casa, não ando de metro à noite, fecho a porta de casa a sete chaves e apesar de morar num sétimo andar as janelas normalmente estão fechadas. E eu sei que a questão das janelas pode parecer exagero mas quando estão abertas nunca me sinto verdadeiramente segura.
Não existe razão para eu ser assim, nunca morei num sitio perigoso, e a verdade é que nunca sofri de nada do que me queixo.
Deve ter vindo de nascença, um gene quaquer que se mostrou recessivo e que não se manifestou nem nos meus pais nem no meu irmão, que mora do outro lado do mundo sem nunca se ter queixado de falta de segurança. Ou entao é por ser rapariga, porque convenhamos que o que realmente me faz medo é a possibilidade de alguém me fazer mal. Eu não sou propriamente uma pessoa musculada. Se isso acontecesse o melhor que conseguia fazer, se não tivesse paralisado com medo ou começado a chorar, era fugir.
Mas viver assim é chato. Aborrecido, diria um amigo meu. Especialmente quando se pensa quase todos os dias em ir viver para outro país onde, pelo menos no início, não se conhece muita gente.
Sei que não vou ficar corajosa da noite para o dia, e ninguém me vai convencer que os meus medos são infundados, porque a verdade é que o mundo é perigoso.
O que eu gostava mesmo era que, por obra e graça de alguma entidade poderosa lá de cima, eu tivesse a certeza que estes medos que chegam a ser mariquisse, admito, são infundados. Que, basicamente, nunca ninguém me assaltasse nem me quisesse fazer mal. Ah, isso é que eu gostava!
Até lá, vou continuar a ser cautelosa e a trancar-me a sete chaves em casa. Por falar nisso...

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